A necrose ou a podridão de floretes individuais ou de cachos de brócolis é conhecida como podridão mole. A podridão mole pode ser ocasionada por diversos agentes patogênicos, incluindo várias espécies de bactérias e algumas espécies de fungos. Os sintomas causados por esses agentes patogênicos podem ser parecidos, e pode ser difícil distingui-los. Contudo, a identificação correta do agente causal é essencial para segurar a utilização dos métodos de controle adequados.
Podridão Mole Bacteriana
Os sintomas da podridão mole causados por agentes patogênicos bacterianos podem ser denominados mais especificamente como podridão mole bacteriana. Diversas espécies de bactérias podem estar misturados nesta doença, entre elas Pectobacterium carotovorum subsp. carotovorum (sin. Erwinia carotovorasubsp.carotovora), Pseudomonas fluorescens, Pseudomonas marginis e Pseudomonas viridiflava.¹
Os sintomas da podridão mole bacteriana se originam nas áreas encharcadas de água em pequenos grupos de flores não abertas em cabeças não maduras. Estes floretes infectados tornam-se necróticos e ficam com uma coloração que fica entre marrom e preta. Os sintomas começam a se espalhar para os floretes adjacentes e para outras áreas da cabeça e terminam afetando mais partes da cabeça (Figura 1). Uma podridão mole se desenvolve nos tecidos infectados, o que significa que os tecidos ficam moles e viscosos.
Com frequência, um odor muito desagradável é relacionado a esta podridão. Após a infecção inicial, patógenos bacterianos e fungos secundários podem se alastrar, causando mais podridão do tecido.¹ ²
As bactérias que causam a podridão mole bacteriana ficam em detritos de culturas infestadas e eventualmente no solo. O inóculo dos agentes patogênicos é disseminado por respingos de água da chuva, irrigação aérea ou por insetos. O desenvolvimento da podridão mole bacteriana é beneficiado por condições frescas e úmidas, incluindo o clima nebuloso. Os sintomas geralmente aparecem logo após períodos de chuvas.² A condensação de água nas folhas durante a formação de orvalho também cria as condições necessárias para a infecção. A doença normalmente começa nas áreas da cabeça que acumulam água e ficam molhadas por mais tempo.
A podridão pode ficar nas cabeças em armazenamento, mesmo sob baixas temperaturas.³ Na Califórnia, esta doença ocorre principalmente nas estações de inverno e primavera. O manejo da podridão mole bacteriana pode ser trabalhoso. Existem diferenças entre as variedades na susceptibilidade a esta doença. Em particular, as variedades que produzem cabeças em forma de cúpula tendem a serem menos afetadas do que variedades com cabeças planas, pois a água escorre mais facilmente.¹ Uma rotação de três a cinco anos para culturas que não são do gênero brassica e a eliminação de pilhas de descarte no campo podem auxiliar a reduzir a abundância de inóculo no campo.² A escolha de campos com boa drenagem de água, plantação em canteiros elevados e o aumento do espaçamento entre plantas ajudará a manter as plantas secas e diminuirá o número e a duração dos períodos de infecção. Adiar o plantio até que as temperaturas comecem a esquentar também ajudará a reduzir a ocorrência de podridão mole bacteriana.² ³
Evite o uso de irrigação aérea ou programe a irrigação em horários em que as plantas sequem rapidamente (manhãs).³ Evite a fertilização excessiva com nitrogênio (N) em variedades susceptíveis. Porém, as altas taxas de N não parecem afetar variedades resistentes a doenças no mesmo grau que as variedades suscetíveis.³ As aplicações de bactericidas não mostraram ser eficazes para controlar a podridão mole bacteriana. Os surfactantes presentes em diversos produtos inseticidas (ou auxiliares de tratamento recomendados) podem aumentar o nível de podridão mole bacteriana, de modo que os inseticidas devem ser aplicados antes do início desta doença em áreas onde geralmente ocorre.³
Mancha de Alternaria
A mancha de Alternaria, também chamada de pinta preta, pode ser causada por várias espécies do fungo Alternaria, incluindo a Alternaria brassicae e Alternaria brassicola, e uma ou mais dessas espécies podem estar presentes, de acordo com a localização geográfica. Igual a podridão mole bacteriana, os sintomas iniciais da mancha de Alternaria são pequenos floretes individuais ou em grupos que se ficam encharcados e perdem a coloração (Figura 2), acabando por tomar uma cor de marrom a preta (Figura 3). Os tecidos afetados não serão tão moles ou nem apresentarão o odor desagradável provocado pela podridão mole bacteriana. Com o tempo, o fungo produzirá esporos verdes escuros nos tecidos infectados.
Os patógenos bacterianos e fungos secundários podem entrar nos tecidos danificados, causando uma decadência adicional das cabeças.
Figura 2. Sintomas iniciais da mancha de Alternaria.
Figura 3. Sintomas internos da mancha de Alternaria.
Ambas as espécies de Alternaria podem ser transmitidas por sementes, e são dispersas pelo vento e por respingos de água (chuva ou irrigação aérea).¹ O tempo úmido ajuda na formação de esporos e a humidade livre nas cabeças é favorável à germinação de esporos e infecção. O maior período de disseminação de esporos acontece durante períodos quentes e secos depois de um período de chuvas. Deste modo, a revezamento entre períodos chuvosos e secos é mais favorável para o desenvolvimento da doença. Em áreas onde as culturas de inverno e primavera são cultivadas próximas uma da outra, os esporos produzidos nos tecidos senescentes da safra de inverno podem se espalhar e infectar a cultura de primavera. Os fungos também podem sobreviver em ervas daninhas crucíferas e plantas voluntárias, que podem servir como fontes de inóculo.² Assim como com a podridão mole bacteriana, na Califórnia, a mancha de Alternaria ocorre mais frequentemente durante os períodos de crescimento no inverno e na primavera.
Uma rotação de três a quatro anos para culturas não hospedeiras contribuirá para manter os níveis de inóculo baixos.² Como esta doença pode ser disseminada por semente, use sementes com níveis patogênicos abaixo do limiar recomendado. Existem algumas diferenças na susceptibilidade varietal à mancha de Alternaria. Novamente, as variedades com cabeças em forma de cúpula tendem a ser menos suscetíveis do que as variedades com cabeças mais planas.¹ Evite o uso de irrigação aérea ou reduza o uso de irrigação aérea durante os períodos de formação da cabeça.
Diversos fungicidas estão disponíveis para uso em brócolis para o manejo de doenças causadas por Alternaria, incluindo mancha / pinta preta. Não foram conduzidas muitas pesquisa sobre a eficácia dos fungicidas para o controle da mancha de Alternaria, mas os produtos registrados para uso em brócolis para doenças causados por Alternaria incluem azoxistrobina (Fungicida Quadris® Flowable), pentiopirade (Fungicida Dupont Fontelis®), clorotalonil (Fungicida ADV Arius™ [contém também azoxistrobina]), boscalida (Fungicida Endura®), difenoconazol (Fungicida Inspire®), ciprodinil +fludioxonil (Switch® 62.5WG) e produtos combinados, incluindo esses ingredientes ativos. 4 Alguns artigos sobre a mancha de Alternaria afirmam que o controle através de aplicações de fungicidas é inconsistente.¹
Vários dos fungicidas registrados para uso em brócolis listados acima incluem doenças causadas por Alternaria ou crestamento alternário nos rótulos, mas não especificamente a mancha de Alternaria. O rótulo do Quadris® lista especificamente a pinta preta (Alternaria spp.) na seção de doenças alvo para brócolis.
Fontes
Em todas as resistências foram utilizados os nomes científicos das doenças e pragas. Para mais informações sobre nome popular, sintomas, danos econômicos e presença da doença/praga na sua região consulte técnicos locais. Todas as informações sobre os híbridos/variedades e seu desempenho, fornecidas oralmente ou por escrito pela D&PL do Brasil LTDA. (produtos com a marca Seminis), seus funcionários ou representantes, são dadas de boa fé e não como garantia da D&PL do Brasil LTDA. quanto ao desempenho dos híbridos vendidos. O desempenho pode depender de condições climáticas, de solo, de manejo e outros fatores. A agressividade de doenças e pragas é altamente influenciada por condições ambientais, histórico da área e pela variabilidade biológica, exigindo um manejo integrado que considere diferentes medidas e ações. A resistência genética é apenas uma ferramenta dentro deste contexto.